a repressão é o medo dos poderosos

Na Grécia, janeiro 2013, deu-se início a um ataque concertado do Estado a espaços ocupados. Dada a distância, a CasaViva, não podendo fazer mais, faz questão de se mostrar solidária. Não apenas com palavras, mas também com o rosto da solidariedade expresso numa faixa na sua fachada, como declaração pública, perante a cidade, acerca do lado em que estamos. Salientando e confirmando também uma prática diária de transformar um espaço vazio e fechado numa extensão da praça, onde a cooperação, a partilha e a auto organização substituam a competição, o lucro e o mando. Porque a melhor forma de solidariedade é essa, a de lutar por cá como se luta por lá.

Um espaço abandonado é um desperdício que só pode ser tolerável até que alguém precise desse espaço. A partir daí, o direito ao usufruto tem que se sobrepor ao de propriedade. Num momento de empobrecimento forçado de grande parte da população grega, o ataque a quem transforma o abandono em vida e possibilita a subsistência, a educação e a cultura a muita gente, que não as teria garantidas doutra forma, é duplamente criminoso e não pode passar em claro.

Num Portugal onde se torna impossível viver, que isto sirva para relembrar a importância de libertar espaços das garras do capitalismo e criar alternativas que sejam semente e base dum mundo diferente. Porque quem sabe se não é por aí que se fazem as revoluções quando se querem de baixo para cima. E talvez seja exactamente por isso que a repressão, que mais não é do que a manifestação de medo dos poderosos, cai especialmente em cima destes projectos.

Info: pt.indymedia.org 
pt.indymedia.org/conteudo/destacada/24703
Exemplos de solidariedade noutras cidades: Contra Info


Repression is the fear of the powerful


In Greece, an organized attack of the State against squatted spaces is taking place. Given the distance, and not being able to do more, CasaViva shows its solidarity. Not just in words, but expressing the face of solidarity in a banner hanging onto the street in its front, as a public statement towards the city that clearly states on which side we stand.

Stressing and making clear the importance of daily practice of transforming empty and closed spaces in an extension of the square where we stand, where cooperation, sharing and self organization replace competitiveness, profit and leadership. That is the right way to express solidarity: to fight here as they fight there.

An abandoned space represents a waste that can only be tolerable until someone needs that space. From then on the right to use it must prevail over property. Nowadays, as a large part of those in Greece are victims of forced impoverishment, an attack to those that turn emptiness into life and make possible that a lot of people have access to proper housing, education and culture, that otherwise wouldn’t get it from anywhere else, is doubly criminal and cannot be ignored.

In a Portugal where it is becoming impossible to live in, let this be a reminder of the importance of freeing spaces from the claws of capitalism and of creating alternatives that may become the seeds and basis of a different world.

It might be exactly from there that revolutions, the ones from bottom up,are made. And maybe that is exactly why the repression, which is nothing more than the manifestation of fear by the powerful ones, always falls over these projects.

DIY or DIE, opção ou onda?

1ª Tertúlia Punk da CasaViva, 24 janeiro 2013
Acabou de forma abrupta: punk. Começou à punk tuga, duas horas depois do anunciado. Correu muito bem. Participado. Quando a conversa arrancou, pelas 21h00, já a sala de entrada se enchia de gente. Terminou passava das 22h30. O que é isso de DIY or DiE? O famoso grito "Faz tu mesmo ou morre" abriu a série de tertúlias punk em que a CasaViva se aventura para pensarmos no que gira à volta da cultura punk, os seus princípios, as suas influências e as suas práticas no dia-a-dia. O Punkito estava muito chato. 

Em jeito de provocação, o tema foi lançado ao som de folk, como exemplo de DIY fora do punk: afinal quem é mais punk, o Ryan Harvey, que trata da cena dele por ele próprio, da criação à distribuição, ou os Dead Kennedys, com roadies e agências de management? Pois... Até que ponto as bandas punk fazem produções independentes, DIY, por opção ou por falta de alternativa? Se tiverem oportunidade de assinar com uma editora, não preferem? O pessoal pensa muito em ter editora. Mas que editoras assinam contratos com bandas punk? Nos anos 90, as bandas underground editadas, que correram mundo, perderam fãs. Mas todas as bandas querem ser ouvidas e dar concertos. A editora dos Rage Against the Machine é a Sony, é preciso não esquecer, falar de bandas underground e de editoras é muito complicado, o Baunilha parece zangado ao dizer isto. Já se tinham citado outras bandas e conversado bem mais do que estes apontamentos transmitem. Foi então que o moderador, pouco fascistador, fez outra pergunta: A partir de que altura deixa de ser DIY? 

Ouviu-se uma resposta pronta: DIY começou por ser uma necessidade, só passou a opção nos anos 90. Hoje é mais uma opção ideológica do que a alternativa para quem nem trocos tem, como começou por ser, em tempos hippies. E hoje há outras ferramentos, com a facilidade de fazer download do Jamendo*, para quê gastar dinheiro num cd? Por outro lado, poucas bandas se importam com a tradução das letras, sejam em que língua forem, o que mostra pouca preocupação em fazer passar alguma mensagem, a música sobrepõe-se. Um punk não pode ser sinónimo de individualismo, é a denúncia de um sistema que não está bem. Ser punk é uma onda. Punk é a atitude. A atitude é pá piça. Várias vozes ao mesmo tempo, gargalhadas. Mais de 30 presentes. Há os de género e idades variadas, entre os que estavam a nascer no início dos anos 90 e os que tinham então a idade que esses têm hoje. 

Altura de focalizar a conversa, lembrar o DIY. A propósito, falou-se de “gente escondida” que há 20 anos tinha 20 anos, num tempo em que nem se sonhava o que ia ser a internet e que a educação das causas que se iam defendendo implicavam produção da própria informação. Gente ali que afinal não estava escondida e que então fazia fanzines, o grande veículo alternativo. O DIY em pleno.

“Tosse Convulsa” foi o primeiro fanzine que o Ricardo conheceu. Uma folha A4, muito mal copiada de tão fotocopiada que já havia sido. Daí a dedicar-se à coisa não demorou e embrenhou-se, começou a recolher contactos de outras fanzines doutros sítios, a trocar informação e a espantar-se com o fluxo de flyers e outra info que lhe chegava diariamente à caixa postal. Tinha contactos em todos os cantos do mundo. Era uma cena espectacular, diz o Noé. A cena dele começou por ser a poesia, e passou a escrever, fotocopiar e vender, montava banca nos concertos punk... e continua. A propósito de fanzines podia correr-se mundo. Da música punk chegava pouco, só se falava de Sex Pistols, e mal, e de Ramones, horrível, e aparece uma revista a falar dos The Cure, espectacular. Havia lojas em que se conseguiam coisas. Mas a informação não era em bytes. “Campo de Concentração”, fotocopiado e encadernado com capa dura, acervo da biblioteca da casa, percorre mãos.

Mas afinal o que é ser punk? A dúvida existencial desestabiliza, pois então. Um dia fiz um moicano e no dia seguinte estavam a chamar-me punk, tás a ver a onda? Várias vozes aos mesmo tempo. Destaca-se a do Punkito: todos os dias nasce um punk, sem saber. Há bolos, com coberturas coloridas, e suspiros com creme de ovo. 

No tempo das fanzines os próprios concertos eram organizados DIY. E o Noé fazia um grande programa de rádio, muito bom Frágil dixit, música underground, domingo à noite. O tempo das fanzines deu um toque de nostalgia entre quem lhe guarda memórias e que fez mais novos dizer que a conversa teve um momento muito histórico :) 

Pedrinho fala da sua experiência enquanto jovem anarquista no Rio de Janeiro, participando em okupações: para mim, DIY era ocupar e construir a vida. Fala-se do DIY enquanto meio de sobrevivência, como modo de viajar e conhecer o mundo, contrariando a tendência de amigos do facebook, se bem que também seja um veículo para o conhecimento. O DIY depende de como usas. 

Por que a conversa se encadeia, de repente já se falava de punk e política e política e punk, mas o assunto foi travado por ser esse o tema de uma outra tertúlia. Foi mais ou menos então que se fechou a conversa. Conclusões? Volta Punkito, estás perdoado. Mas frescas 20% menos caras só mesmo na próxima tertúlia punk, 7 de fevereiro. 

*Jamendo - site que permite livre acesso a músicas, sob licença Creative Commons ou da Arte Livre

livro do mês de janeiro

De uma das suas prateleiras, a Biblioteca da CasaViva destaca um livro mensal. E a propósito pretende animar leituras colectivas, debates, conversas com autores. Porque um livro também respira.

3ª. 29 janeiro 21h30

Este mês, janeiro 2013, o livro que saltou da prateleira é de um amigo da casa: A.P. Ribeiro. Alinhou num serão de letra, dia 29, às 21h30. Traz Nietzsche, Jim Morrison, Henry Miller. Falará de mercados, terá outras conversas. Título do livro:

"Nietzsche, Jim Morrison, Henry Miller, 
os mercados e outras conversas", de A.P. Ribeiro


A.P. Ribeiro é um poeta/escritor já bem conhecido da CasaViva. A cada verso seu que passa, o espírito crítico do ouvinte é aguçado e, de novo, surpreendido, revelando-se ora num sorriso mais tímido ora numa gargalhada "dionisíaca". Agora, em forma de "prosa num tom profético", como o próprio autor reclama, traz-nos "Nietzsche, Jim Morrison, Henry Miller, os mercados e outras conversas".

Recorrendo aqui e ali a citações destes e doutros autores, é com uma agradável sensação de ritmo e cadência, à semelhança de um poema, que percorremos as folhas e as letras deste livro. Temos total liberdade de o fazer a partir do meio, de trás para a frente, ou simplesmente porque hoje o livro se abriu nesta página. Os diferentes e inúmeros textos vivem bem sós, mas também se complementam.

Se em "os mercados" encontramos um forte espírito crítico à sociedade consumista e ao sistema capitalista em que o mundo está absorvido; uma reflexão contundente sobre a vida, a ideia de liberdade, de escravidão, de mercados e capitais opressores...; é em  "e outras conversas" que percebemos melhor quem é A.P. Ribeiro e como lida com os aspectos presentes em "os mercados". Esta separação é feita mentalmente, dado que o livro não a apresenta fisicamente.

Uma compilação de escritos que saíram principalmente no "A Voz da Póvoa", uma mensagem que se pretende passar, em forma de missão, e que é perceptível logo que o começamos a folhear. Salta à vista esse tom profético e faz lembrar, em parte, o último livro do padre Mário de Oliveira, "O Livro dos SALMOS, Versão Terceiro Milénio, Também Para Ateus", que foi apresentado recentemente na casaviva.

Não se é, por isso, surpreendido quando, no meio de alguns textos, se encontra a referência ao Jesus do padre Mário ou a alguns dos seus livros ou principais aspectos.

Aconselha-se vivamente esta leitura, mais não seja para percebermos que não estamos sós e que há mais gente que quer uma revolução contra a religião do capitalismo e o seu respectivo Deus, o dinheiro.

vomit lunch bookings presents

, 25 janeiro 19h00 entrada livre

tertúlias punk

, 24 janeiro 19h00 entrada livre






















Para pensarmos naquilo que gira à volta da cultura punk, os seus princípios, as suas influências e as suas práticas no dia a dia, a CasaVva propõe uma série de encontros/convívio/concertos/jantares.

Convida todxs, punks e não-punks, com ou sem afinidade pelo tema, a aparecerem e participarem nas Tertúlias Punk.

A primeira é já no dia 24 de Janeiro, a partir das 19h. Haverá petiscos, música, frescas 20% menos caras e surpresas de nomes conhecidos do underground tripeiro. Tudo, neste primeiro encontro, para se pensar acerca das implicações do famoso grito "Faz tu mesmo ou morre", que mais não é do que a tradução tuga do "DIY or DIE".

mais do que uma luta contra um aeroporto

, 22 janeiro 20h00 entrada livre
















Concerto  
AGENTX DO KHAUS [HC-Punk de Paramos]

Projecção e exposição de fotos
Jantar, filme e conversa

Informação actualizada sobre a ZAD em zad.nadir.org

uma história fotográfica de resistência rural

a partir de 19 janeiro sempre que a casa esteja aberta
















ZAD - ZONA A DEFENDER
Mais do que uma luta contra um aeroporto...

  
A uns 20 km de Nantes, um projecto de construção de um aeroporto internacional encontra uma forte oposição, tanto localmente como através de diversas redes. Enquanto alguns tentam expandir a "metropolis" a estes campos e bosques, centenas de pessoas ainda okupam e resistem nos terrenos afectados na área que chamam de ZAD (Zone a Defendre). A propaganda eco-desenvolvimento pretende fazer-nos esquecer os interesses capitalistas e o seu controlo sobre as nossas vidas. Mas a resistência contra projectos destruidores intensifica-se por todo o mundo.

Com o início do despejo da ZAD (em outubro) e juntando-se a recente compra da ANA Aeroportos pela Vinci Corporation é uma altura ideal para nos solidarizarmos com esta luta. Uma luta contra a ordenação das nossas vidas, contra o urbanismo e a sociedade de controlo. Uma luta contra o mito do crescimento e a ilusão da participação democrática. Uma luta pela libertação de terras e uma certa autonomia frente ao sistema capitalista. 

Mais do que uma luta contra um aeroporto, é uma luta contra esse mundo que o acompanha!

o samba quer sair à rua

, 18 janeiro 18h00-20h30 entrada live















Ensaio dos RoR, excepcionalmente a uma sexta-feira.

Os Rythms of Resistance ensaiam na CasaViva aos sábados, 17h30-20h30.  

O samba quer regressar às ruas do Porto! Aparece. 
Traz baquetas, instrumentos...

fractura + street system + headhunters

sábado, 5 janeiro 19h00 entrada livre























aniversário da AIT / IWA

sábado, 5 janeiro 15h00 entrada livre



























91 anos da Associação Internacional d@s Trabalhador@s

Performance Tecnorevolucionária

Domingo, dia 6, continua, às 15h00, no Terra Viva: 

Rua dos Caldeireiros, 213 - Porto. Informa-te aqui