lembrar alexis

No dia 6 de dezembro de 2008, o jovem Alexis de 15 anos de idade foi assassinado por dois polícias gregos, no bairro Exarchia, centro de Atenas. Desde então que a Grécia assiste à insurreição contra as políticas de um governo que acabou por cair nas mãos do FMI. O país está hoje bem pior do que há três anos, com o desemprego a atingir 20%. Há fome, há pais que entregam os filhos a instituições de caridade. A miséria está na rua. Há três anos a revolta era liderada pela juventude, estudantes sobretudo. A morte de Alexis foi a evidência da brutalidade policial, que não tende a abrandar.

No dia 6 de dezembro de 2011, três anos depois, várias manifestações reafirmaram que não esquecemos as consequências da existência de forças policiais nas sociedades de hoje: indivíduos desestabilizados psicologicamente por um sistema que os incita à violência ilimitada como resposta a qualquer manifestação de liberdade da população, da qual se pensam protectores às ordens dos objectivos neoliberais dos seus donos. Nesse dia, foram apanhados pela polícia de choque grega 19 pessoas (14 gregas, três alemãs, uma espanhola e uma portuguesa). Passaram duas noites encarcerados. Quatro dos cinco estrangeiros tiveram de pagar 2000€ de coima para poder esperar em liberdade o julgamento que se efectuará daqui a um ou dois anos (reavendo o dinheiro, caso compareçam) e todos os acusados tiveram de pagar 750€ de taxas judiciais.

Para ajudar a custear estas despesas, a CasaViva envolveu-se de novo com esta causa, acolhendo um benefit com concertos nos dias 13 e 14 de janeiro de 2012, excelente pretexto para recordar Alexis. E, já agora, voltar a exibir a faixa alusiva colocada na fachada da casa após a sua morte, a 20 de dezembro de 2008. Durante duas semanas, a denúncia não passou despercebida na praça do marquês de pombal, no Porto. Até que a bófia mandou tirar a faixa, alegando que “incitava à violência, cometendo o crime contra a paz pública”. O processo seguiu para o ministério público e acabou arquivado, a faixa não foi devolvida.

Então como agora, queremos deixar bem claro que não temos dúvidas de que lado estamos, solidários com os que lutam. Contra a censura continuamos a afirmar: o estado criminaliza, a imprensa aponta e a bófia dispara. Na Grécia ou em Portugal.

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