Porque um livro também respira, volta e meia a Biblioteca da CasaViva
destaca um exemplar de uma das suas prateleiras e chama-lhe "livro do
mês". Em Janeiro 2014 escolheu:
O indivíduo na sociedade
de Emma Goldman
Natural da Lituânia, Emma Goldman (1869-1940), uma livre pensadora que viveu num período de grandes mudanças e reivindicações sociais, de ascensão de regimes fascistas e bélicos, uma mulher para quem o anarquismo era tanto um ideal político como uma filosofia de vida, emigra para os Estados Unidos em 1885 e envolve-se nas lutas operárias. Em 1893 é condenada a um ano de prisão. Antimilitarista convicta, acaba por ser deportada para a Rússia em 1917. Condenando a revolução bolchevique, deixa a Rússia em
1921. Reencontramo-la em 1936, apoiando os anarquistas da guerra civil espanhola e depois no Canadá, onde morre em Toronto, a 14 de Maio de 1940.
"A regeneração da humanidade não se alcançará sem a aspiração, a força energética de um ideal. Este ideal, para mim, é a anarquia, que não tem evidentemente nada a ver com a interpretação errónea que os adoradores do Estado e da autoridade têm aptidão para
espalhar. Esta filosofia lança as bases de uma ordem social nova, fundada sobre as energias libertadas do indivíduo e a associação voluntária dos indivíduos libertadores."
Emma Goldman
Em O
indivíduo na sociedade, Emma Goldman procede a um questionamento dos tipos de governo do seu tempo, salientando a importância da construção da individualidade. Retoma ideias desenvolvidas por Kropotkine, centrando-se no indivíduo e no conceito de liberdade. Assim, cooperação e entreajuda ocorrem num panorama humanista, em que o ser é imprevisível e não obedece a modelos fictícios impostos pelos que estão no poder.
Este pequeno texto é surpreendentemente actual, exceptuando alguns pontos exclusivamente relacionados com o momento histórico. Emma Goldman situa a solução para os problemas sociais num combate ideológico mundial, partindo de dois espaços que conhece bem: a Rússia e os Estados Unidos da América.
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