20h00 Estreia mundial de Zeca pirata na RaDIYo CasaViva, em audição colectiva e comentada na cozinha.
22h00 Projecção de Legados de Zeca, um documentário de Marco Pereira, que gera a crítica que, presumidamente, José Afonso faria sobre a sociedade portuguesa pós-25 de Abril.
Inevitavelmente pirata
O 25 de Abril não foi feito para esta sociedade, para aquilo que estamos agora a viver, dizia Zeca Afonso à RTP2 em 1984, mal imaginava ele como podiam continuar certeiras as suas palavras 36 anos depois da Revolução dos Cravos. E 36 anos depois, quando se comemoram 80 anos do seu nascimento, é com Zeca a exortar os jovens à insubordinação, à subversão, que arranca este Zeca pirata.
Inevitavelmente pirata, porque o Zeca, para além da liberdade, cantava tudo aquilo que define uma humanidade fraterna e solidária, em tudo contrário a uma humanidade presa a conceitos de propriedade, material, intelectual e artística. O Zeca é património mundial, exemplo maior dos que lutam e acreditam num mundo mais justo, onde não têm lugar nem muros, nem ameias, e em cuja concepção não existe o outro, existe o nós!
E nós concretizamos Zeca pirata, um projecto consensual para o colectivo CasaViva assim que convidado a participar nos 80 Anos de Zeca: desafiar músicos/bandas que tocaram na casa a gravarem uma versão do cantautor. Saíram 15 versões de 13 músicas. Uma com pronúncia galega, de uma terra calcorreada por Zeca; outra com pronúncia austríaca, de um sítio onde Zeca chegou mesmo que nunca lá tenha ido. Umas mantendo o cariz popular, outras substituindo a guitarra acústica pela eléctrica, saboreando a intervenção com notas de rock, uns acordes de jazz, sons eléctricos, ruídos imprevistos e um ligeiro toque punk. O retoque final teve a cumplicidade de Blandino e a cronologia da edição dos álbuns a que as músicas pertencem é a única responsável pelo alinhamento, com o VídeoJogos, como excepção, a fechar.
Suspeitamos que o Zeca havia de gostar do resultado. Obviamente disponível para cópia pirata.