"Aqui Não Jaz João César Monteiro" - 5ª sessão

2ª, 31 março 21h45 entrada livre
Vai e Vem, 2003 (english subtitles)
 


 











João Vuvu, viúvo, sem família, à excepção de um filho que se encontra a cumprir pena de prisão por duplo homicídio e assalto a um banco à mão armada, vive sozinho em casa própria, ampla, soalheira e indiciadora de apreciável abastança, num bairro antigo de Lisboa, situado no sopé do Monte Olivete. Pouco ou nada sociável, o senhor João Vuvu efectua diariamente o seu passeio no autocarro nº 100, repetindo infatigavelmente o mesmo trajecto: no sentido ascendente entre a praça das flores e o jardim do Príncipe Real e, no sentido descendente, até ao ponto de partida e subsequente regresso a casa.

O último filme de João César Monteiro, é a obra mais biográfica do autor. Nele, João César desmonta o seu próprio cinema para depois o voltar a refazer, autocritica-se e expõe-se emocionalmente. E fá-lo sempre na presença daqueles que dele se alimentaram, o público, o tal que João César Monteiro, um dia, quis que se fodesse. Um dos maiores filmes do cinema contemporâneo.

É efectivamente uma despedida em forma de frames, e de sorrisos em esguelha, e de humor negro quase “nosferatus”, e de tristeza enraivecida, e de tempo cíclico, e de radical critica à sociedade, e de ternura sincera. E tudo é uno num olhar azul, final, que nos convida a sermos João César Monteiro com o próprio, no próprio.

É um abraço azul, enorme, quase sufocante, que João César Monteiro nos oferece na despedida. Isso e toda a sua obra.

Leitura ajantarada a 3 vozes

6ª, 28 março 20h00 entrada livre



 












Uma fonte anónima e inédita conta que um dia darwinistas, maltusianos e sociólogos foram convidados à mesa de homens poderosos, capitalistas e proprietários, a nata da sociedade de então. Quando chegaram já embriagados de tanta ciência, embebedaram-se de poder. Nessa famosa noite de luxúria educada, num momento de loucura, estipularam que a lei do mais forte e a competição são a regra da natureza. Nessa noite configuraram as relações de poder que ainda hoje nos assolam.

Pois, vejam bem, foi preciso relermos Kropotkine para ficarmos a saber que FOMOS ENGANADAS! A LEI DO MAIS FORTE NÃO É, NUNCA FOI A REGRA!
Venham descobrir os pormenores desta fantástica história que passa pela vida das formigas, dos pássaros, dos ratos, dos coelhos e das lebres...

Se não puderem aparecer, sempre podem pôr os ouvidinhos colados à melhor rádio cá da tasca!

“O MISTÉRIO DO COISO e outras histórias" de Thomas Bakk

6ª, 21 março 21h30 entrada livre 



Um espetáculo de contos da autoria de Thomas Bakk, Contautor. Autor e Contador de histórias, tem livros publicados e peças encenadas em Portugal, Brasil e Angola. Formado em Arte Dramática e com um longo percurso como artista performativo, volta à Casa Viva para uma única apresentação do espetáculo que já foi visto por milhares de pessoas em todo o país. As histórias são contadas pelo próprio autor que narra e interpreta várias personagens, utilizando o Teatro e a Música, num espectáculo despojado e bem-humorado. Os mais hilariantes contos jocosos, da fábula ao realismo fantástico, que levará o público do riso às lágrimas. 

Duração: 60 minutos Público-alvo: Adulto

https://www.facebook.com/Contautor

Poesia na casa

4ª, 19 março 21h30 entrada livre


 










Tu que te dizes homem! Tu, que te alfaiatas em modas e fazes cartazes dos fatos que vestes pra que se não vejam as nódoas de baixo!” Começando com “A Cena do Ódio” de Almada Negreiros, ou com outro poema qualquer, vamos ler poesia satírica, de escárnio e maldizer, que vontade não falta de partir tudo, neste caso só com palavras. Tragam poemas para ler, ouvir e partilhar que outros vos esperam.

Se não puderes aparecer, ouve na Rádio CasaViva (radiocv . punked . us)

Kesta Merda?! Tertúlias sobre a actualidade

, 18 março 21h30 entrada livre



















Quase todos os dias somos brindados com pérolas informativas que nos fazem soltar um grande "Kesta Merda!", seguido de uma vontade voraz de debatê-las e dissecá-las até às entranhas. Aqui entra a CasaViva, onde todos os temas são importantes e qualquer assunto pode ser desmontado.

Basicamente de duas em duas semanas, entre copos e petiscos (se alguém chegar com eles), cada um traz as actualidades que mais o tocaram, intrigaram e pasmaram, para conversar sobre elas com quem estiver por lá. Porque pensar em conjunto abre sempre mais portas. 

Se não puderes vir, sintoniza a Rádio CasaViva.  

ciclo cinema: "Aqui Não Jaz João César Monteiro" - 3ª sessão

2ª, 17 março 21h45 entrada livre
O Último Mergulho 1992 [87'55''] 
(english subtitles) 

O que o jovem Samuel fazia àquela hora da noite, no cais deserto, nunca se saberá ao certo. De facto, quando o senhor Elói - um velho marinheiro reformado - o abordou, ele olhava fixamente as águas do Tejo. Cansado que estava dos seus dias, Elói não podia deduzir de outro modo: Samuel estava ali para pôr cobro à vida...

“Por acaso, escrevo sobre O Último Mergulho no dia em que a imprensa portuguesa publicou as primeiras críticas aos dois primeiros filmes (“O Ar” e “O Fogo”) da série “Os Quatro Elementos” em que João César Monteiro se atirou à Água. Foi uma encomenda da Televisão Portuguesa, depois de uma proposta de Paulo Branco. Os críticos que hoje leio espantam-se (alguns, virtuosamente, indignam-se) que os autores dos episódios já estreados (João Botelho e Joaquim Pinto) se tenham esquecido que estavam a fazer tele-cinema e não cinema. Ainda não vi os ditos filmes. Mas, se tiverem razão, benza-os Deus. Deus, que abençoou certeiramente O Último Mergulho, que é só cinema, todo o cinema e nada mais do que o cinema. César Monteiro não esqueceu a televisão ou (como é que dizem?) o visual. Pelo contrário, muito alembrado deles, virou-lhes as costas. Onde queriam chegadinho, ficou longe. Onde queriam longe, ficou chegadinho. Inventou as distâncias. O cinema é a arte dessa invenção. E é possível ouvir as citações finais do Hyperion - uma em francês, outra em português - como manifestos estéticos, brados guerreiros sobre o cinema e pelo cinema. “Não deixar que a guerra se arraste, por amor à paz”. “Esta terra coberta de luto, desnudada, que eu tanto queria vestir de bosques sagrados e adornar com todas as flores da vida grega” é também a terra pilhada do cinema, em 1992. É também, mas não é só. Como O Último Mergulho é também, mas não é só, um canto fúnebre. O Último Mergulho é um filme sobre o Cinema e sobre Portugal. Como todos os filmes anteriores de João César Monteiro. Este só talvez seja o mais raivoso. Mas tropeço na ternura e tenho menos certezas.”

por João Benárd da Costa em A Muda

ficha técnica


Próximas sessões:
24/3 4ª sessão - Branca de Neve 2000 [72'31'']
31/3 5ª sessão - Vai e Vem 2003

[Carta Aberta] O Fora do Eixo chegou até nós.

O Fora do Eixo chegou até nós. Muitos pensavam que isso não ia ter nenhuma consequência, mas milagrosamente eles conseguiram se diluir numa narrativa e num ideal que faz muitas pessoas do nosso entorno se aproximarem deles.

Faz pouco tempo a CasaViva recebeu um convite para participar no Grito Rock, um festival internacional que parece ser o maior selo dessa empresa de eventos culturais chamada Fora do Eixo.

Chegou-nos da mão da Casa Colorida, uma casa cedida à filha do ex-alcaide de Nigrán para ser uma Casa Fora do Eixo na localidade. Ali num pequeno povo de uns três mil habitantes. Já houve iniciativas populares para eventos culturais alternativos, como é o caso do “Berra!”, um colectivo de jovens desta zona da Galiza, porém, até então não existia aparentemente a necessidade de um grupo brasileiro vir impor o seu método de trabalho.

Vamos falar um pouco desse método.

Fora do Eixo recebe entre 3% e 7% de todo o dinheiro anual destinado à área da cultura no Brasil. Também recebem dinheiro de grandes bancos privados como o Itaú, e empresas petroleiras de capital internacional como a Petrobras, da qual recebeu 800.000 reais no ano de 2012. É este método de trabalho que os movimentos sociais sempre rechaçaram por entenderem a cultura como algo livre e autónomo dos instrumentos de poder que tanto combatemos. Uma estratégia para não corromperem nossos ideais com propostas megalómanas de crescimento rápido e fácil. Com essas “concessões” o coletivo Fora do Eixo (que na verdade possui uma estrutura hierárquica muito bem definida na figura de Capilé, grande mentor intelectual e figura pública do grupo) diz pretender “hackear” o sistema. Cabe a nós acreditar nessa possibilidade.

Como dito no e-mail explicativo sobre o “Grito Rock”, o festival terá bandas selecionadas por um grupo no Brasil. A nosso ver, esse modelo de seleção em nada se difere das grandes empresas transnacionais do entretenimento, que selecionam a partir de uma matriz (normalmente a indústria fonográfica norte americana) quais são os grupos que se projetarão e farão “sucesso” a nível global, se utilizando de suas estruturas gigantescas. Para além disso as bandas se apresentam gratuitamente, contribuindo para agregar valor ao FDE – valor que depois lhes trará recursos financeiros – ou em boas palavras: trabalham de graça.

Nas casas FDE os valores que teoricamente os norteiam se confundem muitas vezes com princípios libertários (uma moeda deles, uma casa em autogestão, caixa coletivo, etc), porém “chovem” relatos na internet de pessoas que participaram dessas casas e que denunciam que o fato de morarem lá só os colocava numa condição de trabalho “non stop”, a tempo inteiro, para os eventos culturais do FDE. Também não são raros relatos que denunciam práticas sexistas na organização interna das casas (na divisão dos trabalhos, por exemplo), bem como um clima geral de coação, autoritarismo, e cobrança por resultados por parte dos "superiores", como em qualquer outra grande corporação capitalista. O detalhe é que, sob a etiqueta do "ativismo cultural", quem trabalha nessas casas não recebe nada por isso, e sua moeda interna sequer tem validade num supermercado qualquer, o que tirava-lhes a autonomia e o poder de escolha.

Apesar de tudo isso o seu líder, Capilé, continua viajando pelo Brasil e pelo mundo divulgando suas ideias e princípios. Com uma oratória invejável e muito conhecimento académico sobre a questão das “redes”, “novas mídias”, etc, Capilé faz consultoria e acordos com políticos brasileiros de diversas correntes (diversas mesmo!). Recentemente o cabeça do FDE esteve no lançamento da candidatura de Jandira Feghali ao governo do Estado do Rio de Janeiro, a mesma política que compõe os governos federal, estadual e municipal desta cidade, governos reconhecidos por criminalizar as recentes manifestações de massas, e por tratar jovens manifestantes, professorxs e lixeirxs como criminosos e terroristas.

Esta carta tem como objetivo dar a conhecer tudo o que representa esse grupo nos locais onde ele já passou, e contribuir na formação da opinião sobre os mesmos para os companheiros de luta da cidade do Porto.

Março de 2014, Casa Viva.

ciclo cinema: "Aqui Não Jaz João César Monteiro" - 2ª sessão

2ª, 10 março 21h30 entrada livre
Recordações da Casa Amarela 1989 [117'20'']
(english subtitles)

Um homem de meia idade vive no quarto de uma pensão barata e familiar, na zona velha e ribeirinha da cidade, até ser despejado por assediar a filha da dona da pensão. Sozinho, e privado de quaisquer recursos, vê-se confrontado com a dureza do espaço urbano e é internado num hospício, de onde sairá por ponderada decisão de homem livre, para cumprir uma missão que lhe é indicada por um velho amigo, doente mental como ele: «Vai e dá-lhes trabalho!»...

Primeiro filme, de uma triologia, onde João César Monteiro interpreta João de Deus, um alter-ego do autor que, segundo o próprio, é “um farsante e psicologicamente irredutível e impenetrável. Habitante do mundo dos limbos, privado de Deus, é um ser imaturo e singular, apenas relacionado com a experiência da linguagem que lhe é transmitida e que tenta apreender através do seu próprio corpo.”

Premiado com o Leão de Prata no Festival de Veneza em 1989
ficha técnica

Próximas sessões:
17/3 3ª sessão - O Último Mergulho 1992 [87'55'']
24/3 4ª sessão - Branca de Neve 2000 [72'31'']
31/3 5ª sessão - Vai e Vem 2003

aí eu cria cria!!!!

6ª, 7 março 11h00 entrada livre 

















Estamos convidando crias e não crias a aparecerem num encontro onde o objectivo é o convivio de tal forma que as crias tenham o tempo e espaço para se poderem expressar! 

Pretendendo também proporcionar o tempo e o espaço para partilhas e outras manias...formas de estar, criar, alimentar, cuidar, transmitir, reunir... 

Querendo aproveitar o melhor possível o dia o convite, diz que na CasaViva estarei eu e a cria Anita e Lia a partir das 11h, venham cedo! 
O Almoço será partilhado: traz algo já cozinhado, para aquecer há fogão e para comer há ferramentas! 

Pela tarde fora brincando e partilhando... traz o que te apetecer! 

Partilha este evento com quem te fizer sentido! 

Até breveeeeeeeeeee...

Concerto solidário com presos anarquistas

sábado, 8 março 16h00 entrada livre 



Kesta Merda?! Tertúlias sobre a actualidade

, 5 março 21h30 entrada livre



















Quase todos os dias somos brindados com pérolas informativas que nos fazem soltar um grande "Kesta Merda!", seguido de uma vontade voraz de debatê-las e dissecá-las até às entranhas. Aqui entra a CasaViva, onde todos os temas são importantes e qualquer assunto pode ser desmontado.

Basicamente de duas em duas semanas, entre copos e petiscos (se alguém chegar com eles), cada um traz as actualidades que mais o tocaram, intrigaram e pasmaram, para conversar sobre elas com quem estiver por lá. Porque pensar em conjunto abre sempre mais portas. 

Se não puderes vir, sintoniza a Rádio CasaViva.  

ciclo cinema: "Aqui Não Jaz João César Monteiro"

"A obra cinematográfica de João César Monteiro (1939-2003) é um campo singular de reflexão sobre a realidade social, política e cultural do Portugal do pós-25 de Abril. Enquanto cineasta, Monteiro insistiu na criação artística e estética como veículo privilegiado para a afirmação de um ponto de vista pessoal sobre a sociedade portuguesa dos nossos dias.Os seus filmes são documentos fundamentais para conhecermos a evolução da sociedade portuguesa nos últimos anos.

Usando superiormente os instrumentos de que dispõe, João César Monteiro constrói uma obra estética onde o principal objecto de observação e estudo é Portugal. Esta visão permite a execução de uma atenta reflexão acerca da realidade portuguesa dos nossos dias. Ancorado nos mecanismos da comédia, João César Monteiro recorre à sátira e ao
cómico como métodos criadores na construção de uma cantiga de escárnio e maldizer dos nossos dias...

...Em 1996, numa entrevista, João César Monteiro confessa um sentimento de opressão pelo “inferno social” que o cerca. Questionado sobre a forma de “romper” esse cerco, o cineasta responde que tal só será possível através da Revolução. Questionado sobre a sua utopia, Monteiro responde: “Tem a ver com sociedade sem classes, coisas básicas como o direito ao trabalho, enquanto capacidade humana de contribuir para o bem comunitário” (João César Monteiro cit. In França, 1996: 30)."

in Decadência, Regeneração e Utopia Em João César Monteiro, por Paulo Cunha
 
Biografia de João César Monteiro, pelo próprio A minha certidão

1ª sessão - curtas metragens
2ª, 3 março 21h30 entrada livre





 












Sophia de Mello Breyner Adresen (filme) 1969 [16'44'']
A única experiência de cinema documental de João César Monteiro. O filme trata a obra poética da escritora Sophia de Mello Breyner Adresen.

O Rico e o Pobre 1979 [25'41'']
Interessante exemplo, em curta-metragem, da "escola" do Novo Cinema Português que, apesar de tudo, João César sempre recusou ver-se como fazendo parte.

Conserva Acabada 1990 [12'23'']
Filme onde se encontra já alguma da simbologia nascida da criação do "alter-ego" João de Deus.
 

Lettera Amorosa 1995 [5'21''] e Passeio com Johnny Guitar 1995 [3'27'']
João de Deus em todo o seu esplendor. Estas duas curtas metragens têm a particularidade de terem narrativas diferentes mas com uma mesma perspectiva espacial.

Próximas sessões:
10/3 2ª sessão - Recordações da Casa Amarela 1989 [117'20'']
17/3 3ª sessão - O Último Mergulho 1992 [87'55'']
24/3 4ª sessão - Branca de Neve 2000 [72'31'']
31/3 5ª sessão - Vai e Vem 2003